Iniciativa financiada pelo Fundo de Apoio à Cultura do DF oferece formação, material e transporte para os participantes A comunidade da E...
Iniciativa financiada pelo Fundo de Apoio à Cultura do DF oferece formação, material e transporte para os participantes
A comunidade da Estrutural recebe uma nova etapa do projeto Vigília Cultural Artesanato, Empreendedorismo & Formação. A iniciativa promove oficinas gratuitas de crochê com foco na valorização do artesanato local, geração de renda e fortalecimento da cultura no Distrito Federal. O programa conta com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do DF (FAC-DF) e apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF). Nesta edição, o projeto fornece gratuitamente todo o material necessário, camisetas para os participantes e, pela primeira vez, também oferece transporte.
Ao longo das aulas, os alunos confeccionam peças artesanais de crochê, como bolsa, cropped e turbante. A proposta reconhece o artesanato como uma das engrenagens da economia criativa no DF, com mais de 11 mil profissionais formalizados, e que hoje é também um vetor de turismo, inclusão e desenvolvimento social.
"Esse apoio foi fundamental para manter a iniciativa. Sem o FAC, seria muito difícil dar seguimento ao projeto”, destaca o produtor e gestor cultural Márcio Apolinário. Segundo ele, o principal objetivo é oferecer à comunidade a chance de aprender um ofício com potencial de geração de renda. “Com esse conhecimento, os alunos podem se sustentar e ajudar suas famílias de forma simples”, afirma.
Nesta edição, o foco são as oficinas de crochê, escolhidas por terem maior adesão nas experiências anteriores com outras técnicas artesanais, como acessórios manuais, flores do cerrado e cestaria. “O crochê foi o que mais atraiu participantes. Por isso, decidimos repetir”, explica Apolinário. Ele acrescenta que outras técnicas não estão descartadas, como a cerâmica, mas lembra que exigem uma estrutura mais complexa, com uso de forno, por exemplo. “O crochê é mais acessível, com linha e agulha, já dá para começar a produzir.”
O público é majoritariamente feminino, composto por mulheres que sustentam as próprias famílias e, muitas vezes, levam os filhos pequenos para o espaço. “Algumas crianças também aprendem o crochê ou ficam desenhando. A faixa etária é bem variada. Há homens participando também, mas a adesão maior é das mulheres, muitas em situação de vulnerabilidade. Por isso, além das aulas, a gente também oferece um lanche durante o encontro.”
A dona de casa Joana*, 26 anos, decidiu participar da oficina de crochê ao enxergar na oportunidade uma forma de retomada profissional e geração de renda. Mãe de duas meninas, ela está atualmente fora do mercado de trabalho. “Estava em casa só cuidando delas, e a nossa renda é muito apertada”, explica.
Ela conta que estava tentando se reinserir no mercado quando engravidou da filha mais nova. “Assim que comecei a trabalhar de novo, descobri que estava grávida. Mas tive pressão alta na gestação e precisei sair do trabalho”, relata. O contexto de vulnerabilidade também se agravou com a perda do companheiro. “As meninas da assistência social me falaram que estava tendo esse curso, e eu aproveitei.”
Agora, mesmo com uma bebê recém-nascida nos braços, Joana* se mostra animada com a oportunidade. “Nunca tinha feito crochê, mas sempre via vídeos. Minha avó sabe fazer de tudo. Achei legal porque tem umas peças, tipo sapatinhos, que estão em alta. Vim pela oportunidade. Dá pra cuidar da bebê e aprender ao mesmo tempo.”
A diarista Domingas de Jesus, 60, está adorando participar da oficina de crochê. Ela soube do curso por meio de um carro de som. Apesar de nunca ter feito crochê antes, ela está empolgada com o aprendizado e vê no curso uma oportunidade de renda. “Meu objetivo é realmente aprender, colocar em prática e conseguir uma renda extra. Vai me ajudar, sim”, afirma.
Além de aprender um novo ofício, ela destaca que a oficina também tem sido importante para o convívio e o bem-estar. “Ajuda a distrair, a gente conhece mais pessoas, convive mais com a cidade. Gostei bastante”, finaliza.
O nome da entrevistada foi trocado por motivos de segurança
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