Equipamento foi usado pela primeira vez em um procedimento ortopédico e promete ampliar a precisão e a segurança das intervenções ...
Equipamento foi usado pela primeira vez em um procedimento ortopédico e promete ampliar a precisão e a segurança das intervenções
O centro cirúrgico do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) viveu um momento marcante na última quarta-feira (3), ao realizar, pela primeira vez, um procedimento com o motor de vibração ultrassônica Piezo. O equipamento, recém-integrado à unidade, é utilizado para cortes ósseos extremamente delicados, recurso essencial para pacientes com fissuras palatinas que necessitam de enxertos para reposição da estrutura facial.
A cirurgia estreou no caso de Felipe Alves, de 12 anos, que nasceu com fenda palatina e lábio leporino. Toda a trajetória de tratamento dele foi conduzida no próprio Hran, o que construiu uma relação de confiança entre a família e a equipe.
A mãe, Lorena Alves, de 34 anos, afirma que sempre encontrou acolhimento no hospital. “O atendimento aqui é excelente. A equipe é muito comprometida e está sempre pronta para receber meu filho”, contou.
Mesmo já tendo acompanhado outras cirurgias, Lorena disse que cada etapa traz um novo sentimento. “É sempre uma emoção diferente. A gente sente ansiedade, claro, mas confio muito na equipe. Eles estudam o caso dele com atenção, e isso me dá segurança. A cada cirurgia vemos avanço”, disse.
Tecnologia muda a dinâmica da cirurgia
A operação realizada em Felipe consistiu na retirada de um fragmento do osso da bacia, que depois foi enxertado na boca para aprimorar o arco maxilar. O uso desse osso ocorre por sua alta compatibilidade com a região a ser reconstruída.
Antes do Piezo, a remoção era feita com instrumentos manuais, como martelo e outras ferramentas que exigiam força e podiam causar maior agressão à área operada. Esse método tradicional favorecia o aparecimento de inchaço, traumatismo nos tecidos moles e uma recuperação mais lenta.
Com a chegada do motor ultrassônico, o processo passa a ser realizado com vibrações de alta frequência, que permitem cortes precisos e preservam estruturas adjacentes.
Segundo Marconi Delmiro, coordenador do Serviço Multidisciplinar de Atendimento a Fissuras Labiopalatinas do Hran, a novidade traz impacto direto na qualidade do atendimento. “Esse recurso traz uma precisão muito maior. Reduzimos tempo de cirurgia, sangramento, edema e risco de necrose. É um avanço real para os pacientes e para a equipe”, afirmou.
Fissura palatina: uma das malformações mais comuns da face
As fissuras labiopalatinas estão entre as anomalias congênitas mais frequentes na região da cabeça e pescoço. No Brasil, calcula-se um caso a cada 650 nascimentos. A condição ocorre quando o céu da boca não se fecha completamente durante a gestação e pode aparecer associada à fissura labial.
Sem cuidados adequados, a fissura afeta atividades básicas, como alimentação, fala, respiração e audição, além de ter impacto emocional, especialmente na infância.
Atendimento especializado e referência regional
O ambulatório dedicado a pacientes fissurados no Hran se consolidou como referência no Centro-Oeste, reunindo uma equipe interdisciplinar para acompanhamento contínuo. O diagnóstico ainda nos primeiros meses é fundamental para instruir as famílias, sobretudo quanto à alimentação e ao encaminhamento para o tratamento completo.
O hospital realiza agendamentos para esse atendimento sempre às segundas-feiras, das 14h às 18h, no corredor laranja.
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